A Inteligência Artificial (IA), vem sendo cada vez mais aplicada em todos os setores da vida moderna, e tem se mostrado uma ferramenta valiosa para o campo da telemedicina. Conforme o Ministério da Saúde, a telessaúde é a expansão e melhoria dos serviços médicos com a ajuda de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Para tanto, conceitua-se telessaúde como a modalidade de prestação de serviços de saúde a distância, por meio da utilização das tecnologias da informação e da comunicação, que envolve, entre outros, a transmissão segura de dados e informações de saúde, por meio de textos, de sons, de imagens ou outras formas adequadas.
Quando se trata de Telemedicina no Brasil, um país com dimensões continentais, torna-se possível levar atendimento de alta qualidade aos locais mais distantes dos grandes centros urbanos. Assim, o acesso a serviços de saúde pode ser facilitado em locais que anteriormente não podiam contar com tais facilidades. O uso da Telemedicina permite o envio remoto de dados médicos para consultas à distância, diagnósticos, tratamentos e monitoramento de sintomas.
Essa tecnologia pode ajudar os hospitais a administrar sua carga de trabalho de forma mais eficiente e gerenciar melhor seus recursos, o que é importante para reduzir custos na rede de saúde. Além disso, pode monitorar rapidamente mudanças no estado de saúde dos pacientes, o que auxilia os profissionais da saúde a diagnosticar doenças com mais precisão e rapidez.
O Dr. Ricardo Savoldelli, Especialista em Medicina Física e Reabilitação da Nobre Saúde e um entusiasta da IA na medicina, ressalta que já estão sendo utilizados algoritmos para auxiliar na detecção precoce de diferentes tipos de câncer, como câncer de pulmão e de mama, permitindo o início mais rápido do tratamento, obtendo melhores desfechos. O médico afirma ainda que, na pandemia foram utilizados algoritmos para auxiliar na detecção e estadiamento do processo inflamatório pulmonar causado pelo coronavírus em exames de imagem, que ajudou os profissionais no diagnóstico e acompanhamento dos pacientes.
A Inteligência Artificial (IA) tem sido usada cada vez mais para ajudar na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, como o Acidente Vascular Cerebral Encefálico (AVE, antigo AVC, também conhecido como “derrame”), podendo fornecer informações mais precisas e rápidas sobre o que está acontecendo no cérebro com a utilização de algoritmos avançados, modelos matemáticos e imagens médicas.
“Outra aplicação muito útil da tecnologia na área da saúde que tem ajudado nos cuidados do AVE, é a telessaúde: existem alguns programas de “Telestroke”: nos quais a telemedicina é utilizada para identificar e fornecer o melhor tratamento aos pacientes que tiveram um AVE desde o primeiro momento que o paciente é admitido no pronto-atendimento”|, afirmou o Especialista.
O “Telestroke” é um sistema de monitoramento remoto que permite aos profissionais de saúde rastrear, avaliar e tratar pacientes com AVE em tempo real. Permite aos profissionais de saúde eliminar o tempo necessário para encaminhar um paciente para um hospital especializado e fornecer cuidados imediatos e específicos para cada caso.
Por meio do “Telestroke”, os Médicos Neurologistas Especialistas podem visualizar exames complementares como tomografias computadorizadas, fornecer conselhos e orientação à distância sobre a melhor conduta para tratar os pacientes acometidos. Com essa tecnologia, é possível fornecer tratamento precoce e individualizado para os pacientes com AVE, além de otimizar o fluxo de pacientes no sistema de saúde. A telessaúde associada à IA também pode ajudar os profissionais de saúde a atender pacientes em áreas remotas ou em outras regiões com carência médica. Assim como permitir o acesso a dados precisos sobre o paciente em qualquer lugar e a qualquer hora.
Segundo o Dr. Ricardo, as principais tendências no uso da IA associada à telessaúde incluem o uso de IA para monitoramento remoto de pacientes, ou seja, o profissional de saúde consegue saber como estão os parâmetros vitais como batimentos cardíacos, pressão arterial ou se o paciente está realizando atividade física, mesmo estando fora do hospital ou consultório, a quilômetros de distância ou até mesmo em outro país. O uso de dispositivos médicos “vestíveis” ou wearables, como relógios inteligentes está expandindo, difundindo e facilitando esse monitoramento.”No geral, o uso da IA na telemedicina tem o potencial de melhorar a qualidade do atendimento, reduzir custos e aumentar o acesso aos serviços de saúde para os pacientes”, afirmou o especialista.
Outra possibilidade do uso da IA na telessaúde são os chatbots e assistentes virtuais que podem ser utilizados para triagem de pacientes antes de uma consulta ambulatorial, antes do pronto atendimento, antigo pronto-socorro, ou no paciente internado. Esses chatbots e assistentes de voz podem ajudar a tornar o processo de triagem mais rápido, fácil e amigável.
“Não só especificamente na telessaúde, mas expandindo esse uso da medicina na totalidade, a IA vai facilitar a elaboração de tratamentos mais personalizados e eficazes, pois ela pode analisar grandes quantidades de dados do paciente para identificar padrões, fazer diagnósticos e recomendações de tratamento mais precisos, inclusive criar medicações mais específicas para cada paciente. É o que chamamos de medicina de precisão”, ressalta o Dr. Ricardo Diaz Savoldelli.
A medicina de precisão é um ramo emergente da medicina que pode usar a Inteligência Artificial para melhorar os resultados de diagnósticos e tratamentos médicos. É uma abordagem centrada no paciente, focada na personalização do tratamento com base nas características específicas de cada indivíduo.
Esta abordagem envolve análise avançada de dados médicos, tais como exames laboratoriais, histórico médico, genética e dados de imagem. Os algoritmos de Inteligência Artificial ajudam os médicos a prever com precisão as doenças que um paciente possa ter, bem como o tratamento mais adequado.
Outro campo importante está relacionado com pesquisas médicas de protocolos de prevenção, tratamentos, criação de novos medicamentos, que serão otimizados, pois a IA pode ajudar os pesquisadores a analisar e identificar rapidamente padrões em grandes conjuntos de dados, levando a descobertas mais rápidas e precisas.
Dessa forma, podemos concluir que o uso da tecnologia em todos os setores da área de saúde é um caminho inteligente e necessário para garantir a qualidade dos serviços prestados, o maior acesso aos cuidados de saúde, melhor prevenção e tratamentos mais precoces e personalizados, melhorando os resultados e a qualidade de vida da população.
Por fim, o Dr. Ricardo, conclui que todos esses fatores, somados, vão levar a uma maior eficiência e economia nos custos, o que é imprescindível, pois o modelo econômico atual da saúde está insustentável. “Acredito ser um caminho sem volta, mas reforço que a IA não vai substituir o médico, vai auxiliar o profissional de saúde a tomar decisões mais eficazes, embasadas e seguras. A medicina do futuro é uma medicina inteligente e baseada em dados”, afirmou o especialista.